O Blog tem nova cara. Ao fim de 5 anos eu mudei, os meus valores também, e claro o espírito do blog é outro completamente diferente. A "mensagem" do rosa choque já não se aplica nem me diz nada. Quero o meu cantinho mais sereno, mais maduro.
O meu velhote tem um telemóvel. E considerando que é uma pessoa simples, que sempre viveu no campo, alheio a essas coisas das novas tecnologias, saber usar um com esta idade é louvável. Mas...(claro que tinha de haver um mas...) sabe fazer e receber chamadas e fiquemos por aí. Portanto é mais ou menos habitual ele ligar à minha mãe a dizer que o dito cujo não funciona (e está a ligar-lhe com ele) ou como me tem a mim em primeiro na lista de contactos me faz chamadas quando quer ler as mensagens e nem se apercebe. Hoje foi as seis e meia da manhã. Sim porque ele levanta-se com as galinhas. Ou melhor, as galinhas levantam-se com ele. Assim que o dia dá sinais de querer amanhecer, aí vai ele e se as galinhas não quiserem sair do galinheiro, vai ao pontapé que já é hora de irem catar erva. Ena pá, mas às seis e meia da manhã???? Xiça! Acorda uma pessoa em pânico, sem saber o que raio está a tocar já que aquele não é o toque do despertador, tenta falar e a unica resposta do outro lado é o som de teclas e no meio disto tudo.... lá se foi uma horinha de sono.
Não há direito....
Já referi aqui várias vezes que eu e a cozinha temos uma relação algo sensível e delicada. No entanto descobri que mesmo sem jeito para a coisa, afinal pode revelar-se uma boa terapia. Enquanto refilo e suspiro pelos meus bolos quando saem do forno a parecer uma espécie de arma de arremesso capaz de decapitar os mais desprevenidos, fico livre de pensar em coisas tristes.
Safou-se o bolo mármore que já mostrei e uma tarte de natas (que por milagre ficou bem boa). No dia em que conseguir fazer um mísero e simples bolo de chocolate que esteja decente e comestível, eu dou uma festa.
Palavras que nunca consegui escrever. Palavras que nunca sairam mas que são como um espelho. Palavras dificeis de explicar para quem não compreende, para quem não sabe. Aqui...
Obrigada Corisca, por me mostrares que afinal alguém compreende...
Aulinha no ginásio - check!
Bufunfa dorida - check!
Gajo giro na minha frente durante a aula - check!
Visões fantásticas durante os exercicios de agachamentos - check!
Mito: "Pensar que o psicólogo é a solução para todos os nossos problemas"
Eu (meia hora antes da consulta): Não consigo parar de pensar em ti. Dói demais fazê-lo. Não quero. Apetece-me chorar baba e ranho o resto da semana. Não vou fazê-lo. Não vou chorar. Não vou pensar. Não vou fazer figuras tristes no meio na rua. O Dr. J. vai fazer-me pensar noutras coisas. Vai distrair-me. Não vou chorar. Vai correr tudo bem. Isto vai passar.
(na consulta) Dr. J. - Hoje gostava de falar sobre a sua ultima relação e tentar analisá-la para perceber o que correu mal. Eu (em pensamento) - Oh foda-se! Já foste!
"Os cientistas são um grupo amigável de ateus que trabalham arduamente, bebedores de cerveja, e cujas mentes, quando não estão preocupadas com a ciência, se preocupam com o sexo, com o xadrez e com o basebol."
Yann Martel, in A Vida de Pi
Senhor Martel, precisa que lhe apresente uns quantos cientistas, precisa? É que a mim parece-me que sim.....
Ontem no metro, alguém me pediu esmola. Nem sempre dou. Primeiro, porque não posso dar sempre que me pedem. Segundo, porque às vezes fico na dúvida para que será o dinheiro. Mas ontem quando me pediram "nem que seja um cêntimo para que o ânimo não desmoralize", não resisti e dei. Depois de mil e um agradecimentos, só consegui desejar boa sorte. "Que bem preciso para ver se alguém me dá emprego, era só o que eu precisava".
Foi um bater de frente com a realidade. Por muito que os jornais falem nisso, por muitas reportagens que se façam, eu confesso que é um assunto que me passa ao lado somente porque (ainda) tenho a felicidade de não ser um dos afectados. Fui para casa de coração apertado e a pensar que gostaria de ter uma varinha de condão para ajudar quem tanto precisa (ou tomates suficientes para dar dois sopapos no Passos Coelho e restante comitiva).
Estou podre de cansaço e sono. Tive um fim de semana a mil em terras algarvias. Mimos à mãe. Praia para apanhar sol. Muitos amigos, um dele conhecemo-nos quando usávamos fraldas e voltámos a reencontrar-nos passado mais de 15 anos. Existe algo melhor que isto?
Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência.
O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha. Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado. O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar."
Só foi pena a água estar tão fria e cheia de calhaus (levei logo com um no tornozelo que é para saber o que é bom para a tosse).... de resto, simplesmente perfeito :).
Não tenho palavras para isto. Quem é que oferece uma espingarda a um miúdo de 5 anos como prenda de aniversário????? E os americanos ainda acham que é normalissimo. Esta é uma altura em que me sinto muito feliz por ser portuguesa e por morar na Europa. A América ainda vive na idade da pré-história. E têm eles a ousadia de se considerarem uma potência mundial e os melhores do mundo....
Este pertence ao dia de ontem. Não, não me estou a esquivar ao que prometi. Mas ontem que foi feriado, passei o dia com rabo no sofá a ver isto. Estou para lá de viciada...