Pela primeira vez saí do consultório com vontade de não voltar mais. Levei nas orelhas como se fosse uma miúda pequena e não gostei. Não gostei mesmo nada. Saí a pensar que os psicólogos têm a mania que sabem tudo mas não sabem nada. Pensei que estaria melhor, que ao fim de um ano poderia espaçar as consultas. Pensei que poderia começar a sentir-me normal outra vez. Pensei que deixaria finalmente de "desaparecer" para o mundo naquele dia da semana. Pensei que poderia controlar a minha necessidade de terapia. Disse-me que estou a fugir com o rabo à seringa. A fugir dos assuntos importantes, aqueles ainda por resolver e que mais facilmente se atiram para debaixo do tapete. A fugir como sempre fiz, como só eu sei fazer. Disse-me que se quisesse mudar teria de continuar a enfrentar o que não gosto. Para não perder o que já atingi. Para não deitar tudo a perder. Que o espaçar das consultas apenas serviria para me dar controlo sobre a situação. Nas entrelinhas chamou-me "control freak" (parece que sou mesmo...). Disse-me que estava na altura de ser ele a controlar. Enfrentou-me. Obrigou-me a ceder. E eu odiei. Pontapeei as pedras da calçada no caminho até casa, de tanta raiva que sentia. Amaldiçoei o dia em que o procurei.
...Da mente perversa que há em mim#3...
Há 8 anos
O que é giro é que já falas no passado. O que significa que já mudaste de ideia....