Todos nós sabemos (alguns muito bem) o quanto difícil está a vida neste momento. Os empregos escasseiam e aqueles que existem são mal pagos. No entanto, a meu ver mais vale ter um mal pago do que não ter nenhum. É preciso pagar as contas e colocar comida na mesa. Nestes últimos tempos tenho trabalhado mais que a conta. Apesar de gostar muito daquilo que faço, nestas alturas o gosto desaparece e só nos apetece mudar de vida. No entanto é uma situação esporádica, um sacrifício em prol de uma causa maior. E quem fala no meu emprego fala em tantos outros onde de vez em quando é necessário um esforço extra para manter a empresa, manter o emprego, ir um bocadinho mais além.
Por estas razões não percebo a atitude de certas pessoas. Recusam trabalhos porque são "uma seca", porque é preciso ter responsabilidades, porque começam por baixo e não são logo chefes, porque é preciso fazer sacrifícios em nome na equipa. Nestas ultimas semanas duas das minhas colegas despediram-se. Foram para o desemprego por "esquisitice", por ser demasiado trabalho, pelo horário das nove da manha as sete da tarde ser incompatível com a sua vida social, por recusarem ter posições baixas mesmo não tendo experiência nem qualificações para ser chefe. Não consigo perceber. Começo a achar que esta é a mentalidade dos portugueses e por isso é que o país não anda para a frente.
Como diria o meu ex-chefe "Para competirmos com as outras empresas da Europa que trabalham 8 horas diárias, nós portugueses temos de trabalhar no mínimo o dobro".
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